A disputa pela supremacia da Inteligência Artificial: ChatGPT e Bard

Por Bruno Lenzi e Fernando Zafani

No final de 2022, o tema inteligência artificial entrou em alta, o motivo disso foi o ChatGPT, um sistema de IA da OpenAI que simula diálogos e produz textos com base nas especificações do usuário. O fato das produções serem muito próximas do que um humano é capaz de desenvolver, fez com que muitos percebessem o potencial desta tecnologia e ampliassem a discussão sobre o tema.

Grande parte das previsões e tendências para o ano de 2023 colocam a inteligência artificial em destaque. Tudo indica que ainda neste ano essa tecnologia passará por diversos aperfeiçoamentos e suas funções serão ampliadas para vários segmentos de mercado. Segundo uma pesquisa recente da consultoria FrontierView, encomendada pela Microsoft, a IA pode contribuir para um crescimento de até 4,2% do PIB brasileiro até 2030.

O nome ChatGPT vem de uma sigla para “Generative Pre-Trained Transformer” – algo como “Transformador Pré-Treinado Generativo”. O algoritmo é capaz de realizar diversas tarefas (muitas delas diariamente executadas por humanos de diversas áreas do mercado), como produzir redações, artigos, notícias, letras de música, códigos de programação ou até ajudar na correção de textos e códigos, encontrando erros. O fato desta tecnologia ser acessível e utilizável por todos contribui massivamente para sua popularização. Desde trabalhadores autônomos e pequenas empresas até grandes empresas podem usufruir da IA de maneira a agilizar processos rotineiros e reduzir custos.

O número de profissões que passarão a utilizar esse tipo de tecnologia IA tende a aumentar cada vez mais com o passar do tempo e a sofisticação dos algoritmos. Alguns especialistas já afirmam que há vários tipos de profissionais que correm o risco de perderem uma parcela de espaço em suas áreas devido à substituição por robôs nas próximas décadas, como: publicitário, criador de conteúdo, redator, jornalista, assistente de áreas correlatas ao Direito, analista de mercado, professor, consultor financeiro, designer gráfico, entre outras.

Para muitos usuários, o ChatGPT já se faz indispensável no dia-a-dia, isto se mostrou verdadeiro em uma ocorrência na qual a IA ficou fora do ar por quase um dia inteiro e diversos usuários fizeram posts em suas redes sociais reclamando/alegando que não podem ficar sem a tecnologia, que dependem dela para o trabalho e até casos nos quais os usuários ironizam que “esqueceram como pensar e agir sozinhos”.

Recentemente, a OpenAI lançou uma nova versão do ChatGPT, o ChatGPT-4. O update traz novos recursos úteis e promete respostas “mais seguras”.

Apesar da nova versão da tecnologia ainda conter falhas factuais e limitações que geram erros, o ChatGPT-4 tem um desempenho muito mais semelhante ao de um humano em “várias tarefas profissionais e acadêmicas”, segundo a OpenAI. A empresa ainda garante que o novo algoritmo tem 40% mais chances de dar uma resposta correta que sua última versão. Uma prova concreta e surpreendente disso é que o desempenho do ChatGPT-3.5 no Bar Examination (exame de advogados nos EUA) está entre os 10% piores da prova, já o ChatGPT-4 está entre os 10% melhores.

Outra novidade bastante útil do ChatGPT-4 é sua capacidade de interpretar imagens, podendo entender charges que contém críticas sociais ou até reconhecer alimentos na imagem e sugerir receitas, por exemplo. Graças a essa nova funcionalidade, a OpenAI fechou parcerias com aplicativos de ensino, como a Duolingo, que agora possui um novo plano de assinatura onde o usuário tem o suporte da inteligência artificial em seu aprendizado, podendo ter o ChatGPT-4 como seu professor. A parceria com o app Be My Eyes também é muito interessante e extremamente útil à comunidade dos deficientes visuais. Já que a tecnologia pode auxiliar essas pessoas a terem uma maior percepção da realidade, além de tornar tarefas complicadas para essas pessoas em tarefas simples. Um exemplo prático disto é a capacidade do ChatGPT-4 ao receber uma imagem de uma geladeira aberta e não só identificar os alimentos que ela contém, como dar sugestões de receitas que podem ser feitas com aqueles alimentos caso o usuário se interesse.

A expressiva melhora na assertividade da nova versão deve-se ao fato da mesma considerar os aprendizados práticos de todas as versões anteriores da tecnologia. Sendo assim resultado de um trabalho de meses de treinamento com os ChatGPTs antigos e também chatbots de concorrentes, como a Google.

O sucesso do ChatGPT e o contrato multibilionário da OpenAI com a Microsoft, que visava integrar a tecnologia com o Teams, pacote Office e o navegador Edge (rival direto do Google Chrome), a Google se viu na obrigação de dar uma resposta ao mercado, anunciando o Bard em fevereiro de 2023 e começou a permitir o acesso a tecnologia no final do mesmo mês. Apesar de já estar disponível, o número de acessos ao Bard liberados pela Google é limitado para uma pequena parcela de usuários dos Estados Unidos e Reino Unido. A empresa alega que irá liberar os acessos gradativamente, conforme novos países e idiomas forem acrescentados, porém ainda não há estimativa de prazo para tal acontecimento.

 Um ponto muito importante e que impactou massivamente a Google foi a gafe cometida pelo Bard em sua primeira demonstração pública oficial:

Após a demonstração, diversos astrônomos apontaram que a informação dada pela IA está errada e que a primeira imagem tirada de um exoplaneta aconteceu em 2004 e não em 2023, como tinha respondido o Bard. O erro cometido pela tecnologia fez com que a Alphabet, controladora da Google, tivesse uma queda drástica na bolsa, perdendo mais de U$100 bilhões em valor de mercado. As ações da Alphabet caíram 8% e foram as mais negociadas nas bolsas americanas.

Em relação ao funcionamento, a tecnologia Bard se assemelha bastante com os seus concorrentes, porém a abordagem se difere do Bing, da Microsoft, que colocou seu chatbot direto na busca. No caso do Bard, ele aparece em momentos que julgar oportunos e fica em uma aba chamada “Bate-papo”. A tecnologia também conta com um botão “Google it” que aparece embaixo de cada resposta do robô, possibilitando ao usuário fazer uma busca relacionada à resposta da IA.

Enquanto o ChatGPT se baseia em uma rede neural chamada Transformer, com 175 bilhões de parâmetros, projetada especialmente para lidar com textos, assim permitindo uma comunicação muito próxima à humana, o Bard conta com um Modelo de Linguagem para Aplicativos e Diálogo (LaMDA), uma família de modelos de linguagem neural conversacional desenvolvida pela Google, em outras palavras, é um mecanismo de inteligência artificial que possibilita uma interação mais realista entre usuário e máquina. O Bard será capaz de desenvolver assuntos complexos em pedaços digeríveis e dignos de bate-papo, em um tom bem semelhante a uma conversa entre humanos, além de gerar mais de uma opção de resposta ao usuário, para que o próprio escolha a que mais lhe convém. Já o ChatGPT gera conteúdos em resposta ao prompt de texto. No que se diz respeito à atualização do sistema, o Bard se baseia na infinidade de dados disponíveis na internet e, por isso, deve trazer informações mais atualizadas em relação ao ChatGPT, que se limita a informações e eventos ocorridos até 2021. Diferente do Bard, ele não está conectado à internet, o que limita os dados disponíveis. As imagens a seguir mostram as respostas dos dois chatbots para o mesmo pedido feito pelo usuário:

Bard:

ChatGPT:

Referências Bibliográficas:

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https://mundoconectado.com.br/artigos/v/31327/chat-gpt-o-que-e-como-funciona-como-usar

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https://www.dgabc.com.br/Noticia/3953942/chatgpt-como-aproveitar-ao-maximo-esta-nova-inteligencia-artificial

MENEZES, Delmo. Conheça tudo sobre o Chat GPT; saiba como funciona. 18 mar 2023. Disponível em:

RODRIGO, Matheus. OpenAI lança ChatGPT-4; veja novidades e saiba o que muda. 20 mar 2023. Disponível em:

https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/chatgpt-4-nova-versao-lancamento-funcoes-novidades/

CIA, André. Experimento: 80 profissões que podem desaparecer em até 5 anos com a Inteligência Artificial. 21 mar 2023. Disponível em:

https://www.assiscity.com/comportamento/experimento-80-profissoes-que-podem-desaparecer-em-ate-5-anos-com-a-inteligencia-artificial-125066.html

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