Uma visão sobre processo de Game Design

Por Vicente Martin

Hoje eu gostaria de celebrar a publicação de um texto meu que saiu no periódico Tríade no final do ano passado. Trata-se do artigo “As ideias de categorização de jogos de Roger Caillois como base para processos de game design contemporâneos“. É um material de 20 páginas que vou ficar feliz se você estiver afim de ler inteiro. =)

Mas, nesse post, gostaria de trazer uma ideia central do artigo: uma (das muitas possíveis) ideias de processo de game design.

Dentre os diferentes talentos necessários para a criação de um game, seja ele um jogo de complexidade pequena ou grande, destaca-se um profissional que possui o desafio de criar a estrutura de regras e como será projetado o percurso de experiência da audiência –aqui, falamos da profissão de game designer. Brathwaite e Schreiber (2009, p.2) ensinam que game designé o processo de criar objetivos com os quais os jogadores sintam-se motivados a alcançar e regras que eles sigam como se estivessem tomando decisões significativas para atingir estes propósitos. Em outras palavras: game designé um processo de arquitetura de experiência; é a materialização de uma ideia no formato de um jogo. O processo de game designnão é programação de códigos, modelagem de elementos 3D, criação de trilha sonora ou desenho de personagens. Apesar de serem elementos importantes, estes componentes precisam estar inseridos em um contexto pertinente e num fluxo de gestão coerente para a realização do jogo.

Como uma visão complementar a este assunto, Schell (2008) apontaque o game designeré o ponto de partida do processo criativo de um jogo, é quem vai pensar na experiência do jogador e pode vir a trabalhar com um time (ilustradores, programadores, artistas etc.) ou –no caso de um jogo simples –materializar tudo sozinho; este profissional ocasionalmente vai trabalhar com documentos, prazos, clientes, fornecedores e, possivelmente, uma expectativa de lucro/sucesso.

Este autor (Schell, 2008, p.463), inclusive, sintetiza em uma imagem bastante didática (Figura 1) a essência do projeto de criação de um jogo –conectando os extremos entre a figura do game designere a experiência que este profissional pode vir a desenvolver para um jogador (ou player, termo que se utiliza comumente neste mercado).

Reproduzimos a seguir uma síntese da ideia doprocesso discutido por Schell no qual podemos observar a cadeia de passos necessárias para a criação de um jogo de videogame.

Recorrendo ao querido Gemini/Bard do Google, pedi para ele elaborar 10 dicas fundamentais para um bom processo de game design com o intuito de complementar estas ideias.

1. Defina o Objetivo e o Público-Alvo:

  • Objetivo: Determine o que você deseja que os jogadores sintam e experimentem ao jogar seu game. É um jogo para relaxar, desafiar, educar ou entreter?
  • Público-Alvo: Quem você quer que jogue seu game? Quais são suas idades, interesses e nível de experiência em jogos?

2. Crie um Documento de Design Detalhado:

  • Documento de Design de Jogo (GDD): Um documento abrangente que descreve todos os aspectos do seu jogo, desde a mecânica e a história até a arte e o som.
  • Detalhes: Inclua informações sobre o gênero do jogo, a história, os personagens, o mundo do jogo, os objetivos, os sistemas de jogo, a interface do usuário, a arte e o som.

3. Protótipo e Teste:

  • Protótipo: Crie versões simplificadas do seu jogo para testar ideias e conceitos.
  • Teste: Obtenha feedback de jogadores de diferentes origens para identificar problemas e áreas de melhoria.
  • Itere: Faça ajustes e modificações no design com base no feedback recebido.

4. Crie uma Mecânica de Jogo Sólida:

  • Mecânica: As regras e sistemas que governam como o jogo funciona.
  • Equilíbrio: Certifique-se de que a mecânica seja divertida e desafiadora, mas não frustrante.
  • Engajamento: A mecânica deve prender a atenção do jogador e motivá-lo a continuar jogando.

5. Crie uma História Atraente:

  • Narrativa: A história que o jogo conta e como ela é contada aos jogadores.
  • Personagens: Crie personagens memoráveis ​​com os quais os jogadores possam se conectar.
  • Mundo do Jogo: Crie um mundo de jogo rico e detalhado que os jogadores queiram explorar.

6. Crie Arte e Som de Alta Qualidade:

  • Arte: A aparência visual do jogo, incluindo personagens, ambientes e objetos.
  • Som: A música, efeitos sonoros e dublagem do jogo.
  • Coesão: A arte e o som devem se complementar e criar uma experiência imersiva.

7. Implemente um Sistema de Controle Intuitivo:

  • Controles: Como os jogadores interagem com o jogo.
  • Facilidade de Uso: Os controles devem ser fáceis de aprender e usar, mesmo para jogadores iniciantes.
  • Responsividade: Os controles devem ser responsivos e precisos.

8. Teste de Desempenho e Otimização:

  • Desempenho: Certifique-se de que o jogo funcione sem problemas em diferentes hardwares e plataformas.
  • Otimização: Identifique e corrija gargalos de desempenho para garantir uma experiência de jogo suave.

9. Obtenha Feedback e Faça Ajustes:

  • Feedback: Obtenha feedback de jogadores, testadores e outros profissionais da indústria de jogos.
  • Ajustes: Faça ajustes e modificações no jogo com base no feedback recebido.
  • PolIMENTO: Continue polindo o jogo até que ele atenda aos seus altos padrões.

10. Publique e Promova Seu Jogo:

  • Escolha uma Plataforma: Escolha uma plataforma de distribuição adequada para o seu público-alvo.
  • Marketing: Crie uma estratégia de marketing eficaz para gerar interesse pelo seu jogo.
  • Atualizações: Continue atualizando o jogo com novos conteúdos e correções de bugs.

Referências:

BRATHWAITE, Brenda; SCHREIBER, Ian. Challenges for game designers.Boston: Cengage Learning, 2009.

SCHELL, Jesse. The art of game design.Burlington: Elsevier, 2008.